
eu também
te chamo
mas não estás
e nesta ausência me desfaço
falta do teu abraço
de estar contigo
ser teu amigo
ou mais que isso
esquiço
de um beijo
louco de desejo
esperança oca
esperar que seja na boca!
Oh perder-me eu em ti
Que importa
Que se não fique por aqui?
Tudo é nada
E este nada esvazia
Era a ti que eu queria!
Oh como te quero tanto!
Não chega o pranto
O mundo, a morte,
Amar-te é desta sorte!
Uma espécie de loucura
Que mesmo cuidando a cabeça
Não tem cura
Nada que a meça!
Arrancai-me este coração
Coisa selvagem, cheia de manha
Dizem que é paixão
Mas é miopia estranha
Que sem chegar a cegar
Apenas a ti consegue ver
E só a ti me deixa amar!
Dizem-me que ando perdido
Mas era em ti que me queria perder
Esta vida que tenho vivido
Sem ti não é mais viver!
Deixa que louco te encontre a minha boca
Sequioso sacie a minha sede nos teus beijos
Teu corpo é terra pequena, coisa pouca
Um oásis, coisa de sonho em mil desejos
Quero ser navegante e enfrentar a tempestade
Ser louco pouco importa, quero-te como o mar
E serei vento, enfunando as velas nesta vontade
E descobrir em ti uma réstea de paraíso a encontrar
Leve-me este desatino que me arrasta!
Sou Ulisses a ouvir o canto das sereias
E ensurdecendo quero tudo, nada a meias
Nesta dor, que ainda assim não me basta!
Oh amor, porque hão-de estes laços nos prender?
E se tu queres e és meu querer,
Que nos pode por barreiras ou travar?
O inventor do amor, não nos fez pr’amar?
Sonho agarrar teus seios doces,
Como o conquistador de conquistar!
Se eu fosse mar, tu nuvem fosses;
Ou eu rio e tu chuva até me inundar!
Toma este meu corpo mudo,
Mergulha em ti minha raiz,
Sê minha, serei teu e tudo,
Tudo o que te faça feliz!