
Dá-me as tuas fraquezas,
As tuas dúvidas e incertezas,
Os erros mais abjectos,
As tuas falhas inconfessáveis,
Os teus pecados mais secretos!
Dá-me a tua chuva intensa, pesada,
Os teus dias carregados e cinzentos.
Deixa-me espalhar a tua tristeza,
Lançá-la no ar, carregada nos ventos!
Dá-me as tuas coisas negras, doentias,
As pústulas, as feridas, as dores,
Os teus pesadelos, cheios de horrores,
Os teus arrepios, as febres frias!
Dá-me as telas loucas,
Pintadas na frustração,
Com o pincel da angústia,
A guiar-te a mão!
Serão o meu tesouro precioso,
Obras-primas do meu museu!
E quando estiver angustiado e furioso,
Quem se acalmará ao vê-las serei eu!
Prefiro andar perdido,
No meio da tua fraqueza,
Que entre a fúria dos dias;
Que lhes rouba a beleza!
Deixa-me ser teu anjo alado,
Designado pra te guardar,
Caído, para andar ao teu lado,
Para dar brilho ao teu olhar!
E será no AGORA, -- o usufruto,
Que crescerá um amor bruto,
Forte, poderoso e renascido,
Sentimento crescente e acrescido!
Voaremos como águias renascidas,
E em nós uma vida, serão vidas!
Quero seguir-te por onde vais,
Ir contigo, por dias nunca iguais!
É a tua fraqueza que o faz acontecer…
És para mim, fruto intenso, apetecido…
Só nos teus braços, consigo adormecer,
Ronronar como um vulcão adormecido!